segunda-feira, 21 de julho de 2008

O ensino musical em debate

O ensino musical em debate

Alteração em lei torna o ensino musical obrigatório nas escolas.
Ney Arruda
Especial para o Diário de Cuiabá.

Nestes dias em férias de julho, o ócio toma conta das horas. No aconchego do lar, a pedida é uma leitura. Isso mesmo: um livro sempre é uma grande companhia para esclarecer o ser humano. Com a alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (lei n.º 9.394/96)houve uma mudança para tornar o ensino da música obrigatório nas escolas brasileiras. Interessante que a temática, do ponto de vista acadêmico, há muito era objeto de pesquisa e debate. Assim, uma série de títulos está nas livrarias percorrendo o assunto. Hoje comento em especial a excelência da obra: “Musicalizando a escola: música, conhecimento e educação”. A autoria é do professor Carlos Eduardo de Souza Campos Granja que é matemático, educador musical e contrabaixista atuando na área do jazz. Trata-se de uma dissertação de mestrado em educação defendida perante a USP – Universidade de São Paulo. A obra com 06 capítulos e 158 páginas vem no ótimo formato de bolso para levar e ler onde se queira. A Editora ‘Escrituras’ (SP) aposta muito neste mercado, tanto que dedicou algumas publicações para o gênero em sua “Coleção Ensaios Transversais”. Como qualquer trabalho de investigação científica, o Prof. Campos Granja introduz a problemática do ensino musical vislumbrando o que poderia trazer de bom a estratégia pedagógica de musicalizar a escola. Evidente que o recorte teórico-epistemológico não poderia deixar de realizar uma abordagem histórica do tema. Assim, o olhar do mestre volta-se para a prática da música na Antiguidade. A pesquisa avança rumo ao explorar da idéia de ‘percepção’ humana. Como o indivíduo produz a cognição de sentidos da música através de seu próprio corpo. Carlos Eduardo, feita essas considerações, então busca refletir sobre a escuta musical. O que ouvimos e como ouvimos música na atualidade. É fato corrente nas universidades de que o segredo de um bom trabalho acadêmico é o professor orientador. Bem, mas se o pesquisador-orientado não tiver inspiração, de nada valerá um docente ‘Phd’ na orientação. Resulta que a pesquisa aqui enfocada foi feita com integral planejamento. Pois, a seguir Campos Granja propõe como harmonizar de forma transdisciplinar a valorização da música no ambiente escolar. O arremate pauta-se na alusão de projetos concretos. Exatamente, após um percurso teórico, o cientista demonstra as qualidades de sua investigação ao demonstrar algumas possíveis práticas pedagógicas envolvendo percussão corporal, dança e percepção musical. Nestes tempos em que focos de empreendedorismo privado coexistem no interior da iniciativa pública é preciso meditar sobre os caminhos da educação musical. Diz o mestre Campos Granja: “uma proposta de musicalizar a escola não pode se limitar apenas à inclusão da Música como disciplina escolar. Ela deve implicar um projeto de integração que ocorra não somente no nível de conteúdos, mas também no nível da construção do conhecimento. É fundamental que haja uma articulação entre os momentos de elaboração conceitual e as atividades de natureza perceptiva.” Desta forma, continuo conclamando as autoridades governamentais do Estado de Mato Grosso, bem ainda a sociedade civil organizada para a necessidade de materialização da Escola de Música Estadual! Irrefutáveis os benefícios vindouros de cidadania e cultura para o povo desta terra!

SERVIÇO:
O QUE É?
Livro: “Musicalizando a escola: música, conhecimento e educação”
AUTOR: Carlos Eduardo de Souza Campos Granja
ONDE: http://www.escrituras.com.br/

*Ney Arruda é professor universitário, doutorando pela Universidad de Burgos (Espanha), violinista cuiabano e colabora com o DC Ilustrado, (neyarruda@gmail.com)

FONTE: http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=322146