quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Surdos aprendem a sentir a música e vão à escola se tornar DJs


Um pé sobre a caixa de som para acompanhar os ritmos, os olhos concentrados nos gráficos do software que faz as mixagens no computador. Com ajuda da tecnologia e "sentindo" a música, pessoas com deficiência auditiva estão aprendendo a ser DJs.
É o caso de Leonardo Castilho, 23, aluno da escola e-DJs há um mês e fã de pop, MBP, soul e black music. Ele tem 10% da audição, mas já gostava de sentir as vibrações nas baladas. Quando descobriu programas de computador que permitem "ver" a música, percebeu que poderia se profissionalizar. Ele é um dos três alunos surdos já inscritos no curso de DJs da escola, que custa R$ 200 por mês.
Edvaldo dos Santos, 25 e Luana Milani, 26, fizeram apenas um dia de aula. Ela diz que ser DJ é a "realização de um sonho". Surda de nascença, consegue discernir alguns sons quando coloca o aparelho auditivo. Luana prefere as músicas eletrônicas e hip hop, com batidas fortes, e diz que não viu dificuldades no primeiro dia de aula, na semana retrasada.
Os alunos se comunicam com a professora Lisa Bueno com gestos e leitura labial, já que ela não domina a língua brasileira de sinais. Mas dizem não ter dificuldade em entender o que é ensinado. "Está sendo um desafio para mim também, pois é algo que nunca tinha imaginado e de repente surgiu", diz ela, que já tocou em uma balada chamada Vibração, para mais de mil surdos, quando foi procurada por Leonardo com a sugestão de montar o curso para pessoas com deficiência auditiva.
"Eu nunca vi algum DJ surdo aqui no Brasil. O meu principal objetivo é fazê-los sentirem vibração como eu sinto", diz Leonardo.